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dilluns, 16 de març del 2020

80 anos depois

Os fascistas entram na vila e levam-vos para a praça. Aos homens. Coloquem-se em fila, um ao lado do outro, grita o capitão. E tu, quase uma criança, obedeces. O capitão, da outra ponta da praça, começa a caminhar lentamente diante dos homens em fila. Com a pistola na mão. Um disparo no primeiro. E no terceiro. E no quinto. Um sim, um não, os homens caem a prumo enquanto os restantes não ousam mexer-se. Nesse momento, e sem reparares nisso, o homem ao teu lado agarra-te pelo ombro e troca de lugar contigo. Surpreendido, não sabes o que fazer. O capitão vai-se aproximando. Um sim, um não. E, quando chega ao pé de vocês, aponta para o homem ao teu lado e dispara. Nem sequer olha para ti. E continua a sádica caminhada. Um sim, um não.

Horas mais tarde, quando o exército franquista abandona a vila, continuas a pensar no que se passou. O que é que aquele homem pretendia? Salvar-te? Será que se tentava salvar e cometeu um erro de cálculo? Nunca vais conseguir saber. Mas, alguma coisa no teu interior diz-te que o fez por ti. Vais pensar nisso várias vezes, ao longo dos anos.

Talvez hoje, 80 anos mais tarde, ainda ao faças.

Traducció al portuguès a càrrec de Víctor Rovira i Rita Custódio del conte 80 anys després de La revolta de Cramòvia i altres contes.

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