Os fascistas entram na vila e
levam-vos para a praça. Aos homens. Coloquem-se em fila, um ao lado do outro,
grita o capitão. E tu, quase uma criança, obedeces. O capitão, da outra ponta
da praça, começa a caminhar lentamente diante dos homens em fila. Com a pistola
na mão. Um disparo no primeiro. E no terceiro. E no quinto. Um sim, um não, os
homens caem a prumo enquanto os restantes não ousam mexer-se. Nesse momento, e
sem reparares nisso, o homem ao teu lado agarra-te pelo ombro e troca de lugar
contigo. Surpreendido, não sabes o que fazer. O capitão vai-se aproximando. Um
sim, um não. E, quando chega ao pé de vocês, aponta para o homem ao teu lado e
dispara. Nem sequer olha para ti. E continua a sádica caminhada. Um sim, um
não.
Horas mais tarde, quando o
exército franquista abandona a vila, continuas a pensar no que se passou. O que
é que aquele homem pretendia? Salvar-te? Será que se tentava salvar e cometeu
um erro de cálculo? Nunca vais conseguir saber. Mas, alguma coisa no teu interior
diz-te que o fez por ti. Vais pensar nisso várias vezes, ao longo dos anos.
Talvez hoje, 80 anos mais tarde,
ainda ao faças.
Traducció al portuguès a càrrec de Víctor Rovira i Rita Custódio del conte 80 anys després de La revolta de Cramòvia i altres contes.
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